"O bullying das máquinas partidárias é muitas vezes inaceitável"
O telemóvel pousado em cima da mesa da Tasca do Zé Russo, quase cantina da RTP nos Olivais, está frenético. É quinta-feira, dia seguinte a José Rodrigues dos Santos ter ateado mais um fogo que Paulo Dentinho tem de apagar. A cara do Telejornal teve "um lapso" e referiu-se a Alexandre Quintanilha, homossexual assumido casado com o escritor Richard Zimler e deputado pelo PS, como o "eleito ou eleita" mais velho do novo Parlamento. As redes sociais inundaram-se de indignados a pedir a cabeça do jornalista numa bandeja. Foi por causa disto que a hora marcada para o almoço derrapou para lá do que os ponteiros do relógio puderam cronometrar.
Afogueado, de casaco meio amarrotado, o diretor de Informação da RTP sai finalmente do gabinete onde passou a manhã a ver e a rever a gravação do momento. Falou com Rodrigues dos Santos, de quem ouviu explicações, telefonou ao cientista do Porto para lhe pedir desculpa e reuniu-se com Gonçalo Reis, presidente do conselho de administração, e mais tarde com o diretor adjunto Vítor Gonçalves para redigirem o comunicado com direito a retratação pública, que havia de ser lido de hora a hora nos noticiários dos diversos canais da RTP. "Chiça! Já só falta virem pedir também a minha cabeça", diz em jeito de desabafo entre pedidos de desculpa sucessivos pelo atraso.